Cronologia

Convento de Monchique
Convento de Monchique

O convento clarista da Madre de Deus de Monchique, fundado em 1535, por D. Pedro da Cunha e D. Beatriz de Vilhena, caracterizou-se por uma grande complexidade formal e volumétrica, de disposição irregular, fruto da adequação à topografia do lugar, à pré-existência e às necessidades da comunidade monástica que serviu. Num intervalo de aproximadamente três centúrias, conheceu ampliações e transformações, condicionadas pelos recursos disponíveis e que refletem, tanto a vivência do cenóbio e a sua inserção na sociedade, como uma diversidade de linguagens arquitetónicas, idealizadas e materializadas por diferentes atores, em vários momentos.
Por outro lado, o conjunto conventual ecoa as alterações decorridas no local: da construção do cais de Monchique às obras da estrada marginal, sendo que, após a sua extinção, os antigos espaços conventuais foram utilizados para os mais distintos fins, da indústria ao comércio e serviços.
A esta estratigrafia somam-se os diferentes estados de conservação atual do edificado, que da ruína à nova arquitetura dificultam a identificação das sucessivas etapas construtivas da antiga estrutura monástica, no quadro da paisagem urbana do lugar de Monchique.

Planta síntese das três Fases

Construção do Convento
Fases

Sabemos que a obra do convento procedeu com lentidão, custeada pelos rendimentos que eram possíveis disponibilizar. Na sua globalidade, consegue-se dividir a construção em três grandes períodos de edificação, correspondendo, cada um deles, a uma baliza cronológica de aproximadamente cem anos.

 

1.a Fase: 1534-1634;
2.a Fase: 1634-1734;
3.a Fase: 1734-1834.

FASE 1  |  FASE 2 FASE 3

11065m2

Área de Implantação

644m

Perímetro

5m

Cota de Implantação mais Baixa

33.72m

Cota de Implantação mais Alta
Construção - Fase 1
1534-1634

O convento foi fundado no local do Paço de Monchique, no Porto, onde viviam os fidalgos D. Pero da Cunha Coutinho e a sua mulher Dona Beatriz de Vilhena. A autorização papal para a fundação foi pedida a 18 de julho de 1533, tendo sido (ainda antes da concessão da referida autorização) assinado o contrato com Diogo de Castilho.

Nesta primeira fase de construção do convento, iniciada sob a direção de Diogo de Castilho, no século XVI, foram executados os elementos essenciais ao funcionamento desta estrutura, nomeadamente a igreja, as capelas, os jardins circundantes ao edificado, a casa das serventes, a cozinha, o refeitório e o armazém. Sendo que há́ dúvidas relativamente à conclusão deste momento inicial de obras, Joaquim Ferreira-Alves afirma que no ano de 1538 – momento em que as monjas se instalaram em Monchique – o essencial do convento já deveria estar terminado.

Construção - Fase 2
1634-1734

A chegada das novas monjas, entre os séculos XVII e XVIII implicou a ampliação das instalações, já ocupadas. A segunda fase da construção implicou a construção do claustro principal do convento, uma biblioteca, uma fonte, uma enfermaria e um novo corpo de dormitórios. Note-se, no entanto, que estas edificações terão sido feitas com maior simplicidade e ligeireza que as anteriores.

Após as obras de construção do claustro, o convento passa a organizar-se internamente em torno deste quadrilátero. Em 1660 foi efetuado contrato com o mestre pedreiro Domingos Luís para refazer o muro sul da cerca conventual, no setor junto à banda do rio. O objetivo era aumentar a sua resistência às cheias do rio.

Construção - Fase 3
1734-1834

A terceira fase de ocupação do convento implicou a construção de novas estruturas e de novos armazéns, incluindo o edifício atualmente conhecido como Bairro Ignez (inicialmente bairro operário, mas hoje predominantemente ocupado com residências de estudantes e alojamento local), que se crê̂ ter servido como aposento das freiras. Dos edifícios que fizeram parte do complexo conventual, este é o único que manteve um bom estado de conservação até à atualidade. Localiza-se na rua Sobre-o-Douro, tendo uma vista privilegiada sobre o Douro, a partir do pátio comum e das habitações. Compõe-se atualmente por 27 habitações, assentando sobre a rocha do Monte de Monchique.

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